De alguma forma, todos nós buscamos independência e liberdade. Alguns são tão autênticos e seguros de seus valores, que transmitem o que acreditam com mais personalidade. São "pássaros de brilho", que jamais viveriam engaiolados. Suas ações refletem sempre aquilo em que acreditam e os ambientes que frequentam apresentam grande naturalidade. Não existe a preocupação em parecer, mas tão somente a manifestação daquilo que sentem e em que acreditam.
"Jardins deveriam ser reflexos da alma e não apenas um arranjo estético impessoal", diz Peter Webb, ambientalista e paisagista australiano residente no Brasil e interessado em criar jardins que despertem sentimentos e em trabalhar a relação das pessoas com a natureza.
Euler Sandeville Jr., professor de história dos jardins no curso de pós-graduação de paisagismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, recomenda jardins mais afetivos, internacionais, que tenham significado para as pessoas. "É uma bela maneira de integrar sentimento com a natureza. Um jardim cuidado com carinho é um lugar íntimo, um diário escrito na terra", diz o professor paisagista.
Para muitos, jardim tem como único significado a beleza. Estes não percebem a relação existente com as plantas. Os jardins da infância, a pracinha onde brincamos, o paisagismo do clube, os fins de semana no sítio ou o acampamento nas férias são peças-chaves na formação da nossa relação com a natureza.
Com as plantas, aprendemos a ser pacientes e a apreciar o ciclo do tempo. Acompanhando esses ciclos, aprendemos a amar as plantas incondicionalmente, mesmo quando não estão em floração, mesmo quando não produzem. Isso tudo é uma bela lição na sociedade orientada para a produção e o consumo. Um belo gesto de liberdade!